quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Paçoca e seus quitutes



No início foi uma longa paquera. Eu morava num apartamento com dois gatos e um marido. Menciono os gatos primeiro porque, quando me juntei ao meu marido, o Picolé (hoje com 9 anos) e a Milka (7) já dividiam o lar comigo. Meu marido, o quarto membro da casa, se adaptou muito bem a nós três e nós a ele. Aliás, estávamos os quatro muito felizes e com a “lotação” na época. Mas aí, quando a gente menos espera, quando acha que o coração já está totalmente preenchido, eis que pinta aquela paquera... Estou falando de uma gata escaminha que conheci na garagem do meu prédio na Asa Norte.
No primeiro dia em que a vi, ela estava acompanhada de um gatão vesgo, rajado de cinza. Não resisti e passei horas na garagem tentando conquistar os dois. Levei ração, água e muitos afagos e carinhos. Eu queria tirá-los da garagem, com medo de que fossem atropelados ou que alguém fizesse mal a eles. Conversei com o porteiro e ele me disse que o gato já era conhecido, que viva nas redondezas da quadra há tempos e que havia uma senhora que deixava comida para ele todos os dias. A gata era nova no pedaço.
Com receio de que os meus gatos não se adaptassem a novos amigos felinos ou até que pudessem contrair alguma doença, não trouxe para casa os dois. Mas entrei no apartamento e o meu coração ficou na garagem. Mandei mensagens para as associações e ONGs de proteção a animais que eu conhecia com um apelo para que alguém os adotasse, mas, apesar do apoio que tive, ninguém se manifestou para abrigá-los.
No dia seguinte, o gatão já não estava mais na garagem. A gata, sim, pequenina, sujinha e indefesa. Ela havia encontrado abrigo debaixo do carro do meu vizinho, que estava viajando. E lá ficou por mais uns dois ou três dias. Eu estacionava o carro e lá estava ela, arredia no começo, mas derretida de carinho quando eu a chamava para conversar. Depois, era eu entrar em casa e o choro começava. Ela na garagem, eu no meu apartamento. O meu coração cada vez mais lá com ela, com medo do que pudesse acontecer. Até que meu marido implorou: “se for pra você chegar em casa chorando todos os dias, traga logo ela pra casa!”.
Ah, era só o que eu precisava ouvir!


Quando a trouxemos, ela era bem magrela e escurinha. O primeiro banho que dei – a que ela não resistiu – revelou que o escuro era uma capa de sujeira. O nome que escolhemos ao ver a pelagem que apareceu foi unânime: Paçoca. Para minha surpresa, o Picolé e a Milka não demoraram muito para adotá-la também. Algumas rosnadas, umas encaradas, aquelas cheiradas mais profundas, um estranhamento aqui, outro ali e pronto! A Paçoca era o mais novo membro ronronante da família.
E para provar que sempre há espaço no coração da gente, depois de dois meses, a Paçoca nos presenteou com quatro surpresinhas lindas: Quindim, Pipoca, Remela e Mandela.



Três loirinhos e um pretinho, todos machos, prováveis resultado do affair com o gatão vesgo da garagem, já que lá em casa era todo mundo castrado (oooops, menos eu e o meu marido, é claro).
Hoje a gente diz que há 51 vidas lá em casa. As sete dos sete gatos e uma de cada um de nós. Não, não conseguimos doar os gatinhos que nasceram debaixo da minha cama há quase três anos. Ninguém seria bom o suficiente para as nossas exigências. E o que eu aprendi com a Paçoca e seus “quitutes” foi que não devemos resistir aos apelos do coração. ADOTAR É TUDO DE BOM!!!!




Veridiana Steck mora em Brasília, tem 35 anos e é funcionária pública. Além de contribuir financeiramente com alguns grupos de proteção, ela mantém em sua chácara dois cavalos adotados no programa Aposente um Pangaré, da Proanima.

2 comentários:

  1. A Paçoca é fofa demais.
    Beijos carinhosas

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  2. Ai que relato lindo...poxa...muito legal mesmo! Parabéns a família Paçoca...Um dia quero encher minha casa de gatos... quero ter uns 8,,10..12 quem sabe... basta ter uma casa maior...porque no coração já cabe um monte...

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