quinta-feira, 30 de junho de 2011

MUDANDO A NOSSA VIDA PARA MELHOR


Selma Gambarini



Sempre tivemos cachorros em casa, desde a infância. Às vezes apenas um, às vezes dois. Dificilmente minha família se viu sem um cãozinho de estimação.
Depois de casada e com meu filho ainda pequeno, adotamos uma cadelinha filhote de vira-lata que ficou conosco por 16 anos. Era nosso amor. O nome dela, dado pelo meu filho, era Dona Nega. Só que nunca a chamávamos pelo nome, era sempre Pretinha ou Neguinha, por causa da cor e porque era de porte médio (chegou a pesar 24 quilos!). Tinha o peito e as patinhas brancas, bem padrão, era linda de morrer.
A nossa Pretinha se foi e meu filho ficou inconformado, muito, muito triste, pois ela era a sua companhia. Para abrandar a saudade, quis outro cão. Eu, com a morte da Pretinha ainda muito recente, não queria outro animalzinho. Ele foi ficando mais triste, e o pai, também muito apegado à Neguinha, começou a procurar um huskyzinho filhote para comprar. Quando fui ver, passados apenas 2 meses da partida da Pretinha, trouxemos uma filhote de Husky cheia de energia para casa.
Laila, uma cadelinha singular, meio lobo, meio pelúcia. Seus traços nos deixaram encantados. Com aqueles olhos azuis provocou uma nova consciência em nossa família. Nos levou a querer participar de seu mundo, querer entender a psicologia dos cães e a reconhecer o prazer de uma convivência feliz.
A paixão por ela era tão grande que quando decidimos adotar outro cão para lhe fazer companhia, meu marido foi irredutível. O cão a ser adotado deveria ser outro Husky.

A princípio, gostaria de adotar um cão de rua. Mas concordei com o fato de ele ter escolhido um cão de raça porque, mesmo sendo considerados nobres, esses cães, por incrível que pareça, também costumam ser abandonados. São os cachorrinhos que são alegremente comprados nos Pets, nos canis de luxo, que são doados por um amigo que teve uma ninhada e não sabe o que fazer com os filhotes, e que acabam, tristemente, sendo descartados, passando de lar em lar, até que encontram a rua. Infelizmente, são muitos os proprietários que descobrem que o filhote que compraram para o filho não é um boneco, que ele dá trabalho (e muito) e exige cuidados que eles não querem ter.
Assim, fomos procurar o nosso Husky para adotar. Procurei na internet e num instante achei o Luke, através de um anúncio como esse:

“Tutti é um cão da raça Husky Siberiano, macho, na cor branca e marrom avermelhada e deve ter entre 1 ½ e 2 anos.
Têm lindos e enormes olhos azuis que nos encantaram! Quem será que eles vão encantar também? Estava muito magro e abatido, pesando apenas 15 kg!! É muito medroso e pelo seu estado, está há muito tempo nas ruas e com certeza, foi maltratado. Vejam a diferença de quando foi encontrado em 30/04 e hoje, 08/05, mais saudável e confiante! Vamos ajudá-lo a encontrar seu dono, ou alguém que possa cuidar e amá-lo como merece? Já foi vermifugado e será entregue vacinado e castrado.
Quem puder ajudá-lo a encontrar novamente a felicidade, por favor, entre em contato conosco!”

Era um Husky Marrom (da cor que queríamos), resgatado por um casal. O Luiz Fernando e a Vera, que ficamos conhecendo por causa do Luke, fazem um trabalho muito bonito, resgatando cães abandonados, cuidando deles, castrando, e encontrando novos lares para eles.
Embora o anúncio afirmasse que ele tinha 2 anos, descobrimos depois sua idade real com um exame de fundo de olho. Na verdade ele já tinha 5 anos. Isso não significou nada para nós. Claro que gostaria de tê-lo conhecido quando era filhote, ele deve ter sido lindo! Mas não o troco por nenhum filhotinho felpudo. Assim que o vi nas fotos, conversei com a família e decidimos adotá-lo.

Quando fomos visitá-lo, que surpresa! Ele era lindo, bonzinho, e se deu bem à primeira vista com a Laila. Imediatamente nos decidimos, e o Luke foi levado pelo casal que o resgatou até a nossa casa.
Embora a sua chegada tenha sido festiva e tranquila, quando o casal o deixou, ele ficou muito tristonho. Com o tempo, ele se acostumou, e deu tudo certo. A Laila teve um papel fundamental na adaptação do Luke. Como eles se deram muito bem e parecia que se conheciam de longa data, nosso menino se sentiu seguro, em completa integração com ela. Isso nos surpreendeu um pouco. Sabíamos que a Laila era sociável com outros cães. Mas não pensei que se dariam tão bem. E ele, por sua vez, tornou a Laila um pouco menos agitada... ela, na companhia dele, estava mordendo menos a gente...
Desde o início o Luke se mostrou um cão tranqüilo, sossegado, super educado. Nunca fez as necessidades dentro de casa, e sempre obedeceu aos comandos vem, fica... Ele deita para escovar o pelo, e vira de lado quando pedimos. É um doce de cachorro, sempre parecendo que está pedindo “por favor” para fazer as coisas.
Na verdade, podemos dizer que nossos cães possuem, juntos, um imenso poder de transformar o mundo em sua volta, para melhor. Além de terem modificado um ao outro, eles provocaram outras tantas mudanças na nossa vida familiar.

Mesmo sendo esse doce, o Luke parecia ter problemas na socialização com outros cães. Ao avistar outro cão, ele parecia ficar agressivo, latindo e querendo atacar. Para resolver esse problema, contratamos uma adestradora e começamos todos a nos informar sobre o comportamento dos cães.
Meu marido, que passava mais tempo com os cães, passou a entender melhor os sinais que o Luke emitia antes de ter seus “chiliques” e compreendeu que, na verdade, eles nada mais são do que manifestações de vontade de conhecer o outro cão... Ele faz escândalo, quando na verdade quer é brincar... Durante as conversas com a adestradora meu marido percebeu sua vocação e vontade de trabalhar com animais, e resolveu se tornar um adestrador.
Hoje, nossa vida praticamente gira em torno deles. Sempre que vamos fazer alguma coisa, pensamos como incluí-los. Todos os dias, levamos os dois para passear. E procuramos não chegar tarde em casa à noite, pelo prazer que temos em compartilhar nossos bons momentos com eles...
Como podem ver, minha experiência com a adoção de um cão adulto abandonado é tão positiva que só posso recomendar a todos que pensam em ter um cãozinho de estimação, que optem por um animal nesta condição.
Não só porque eles irão saber dar o devido valor a uma caminha quentinha, a uma comidinha e a uma mão que os afague, ou porque irão ficar felizes e pular de alegria quando avistarem seu salvador. Mas porque esses animaizinhos perdidos que passam esfomeados por nós pelas ruas, todos os dias, escondem tesouros que podemos descobrir, na beleza de suas personalidades, na nobreza de suas almas. Eles trazem a promessa de uma amizade sem fim. E o poder de transformar nossas vidas para melhor.





Selma Saglauskas Dias Gambarini trabalha com informática em um órgão público em São Paulo. Casada, tem um filho formado em Universidade e dois cães lindos: a Laila, de 2 anos e 7 meses, e o Luke, adotado com 5 anos, há quase dois.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O CACHORRO MORTO


Enquanto guiava em direção ao Canil Público de Brasília percebi que algo me incomodava. Ajeitei-me no banco do carro, mas não consegui afastar o pensamento de que o que era faz bem pouco tempo improvável estava prestes a acontecer.
Uns minutos mais tarde a idéia desajuizada das minhas filhas de adotar um desses cãezinhos vagabundos e vagamundos acabaria se tornando realidade. Não que eu não gostasse de cachorros. Na minha infância fui um desses meninos que trazem cães esfomeados para casa, embora, no meu caso, eu tivesse a certeza absoluta de que minha mãe jamais iria ceder aos meus apelos.
Cachorro era o que não faltava lá em casa. A salsichinha Tatá já estava, na época, para completar treze anos e sabia que não restava muito tempo para que a cena dela partindo em direção ao Céu dos Cachorros se tornasse uma inegociável realidade (nos meus pensamentos, não sei bem o porquê, eu a via se desvanecendo na vastidão do infinito sem nunca parar de abanar o rabinho). Ainda tínhamos a Duda, uma gorducha beagle de meia-idade.
Era uma sexta-feira e chegamos à recepção do Canil Público faltando uns quinze minutos para o fim do expediente. O funcionário que nos atendeu informou que não havia mais tempo para visitas naquele dia e pediu que voltássemos na segunda. As palavras do apressado homem – desoladoras para minhas filhas – trouxeram para minha mulher e eu um súbito alívio, afinal teríamos mais um final de semana para ajustar o pensamento. Mas o meu cérebro reagiu à conformação e, já que estávamos ali, pedi a ele que me deixasse dar uma rápida olhadinha na cachorrada.
O Canil Público é um limpo e organizado galpão com uns dezoito ou vinte boxes dispostos dos dois lados de um largo corredor. Cada um desses boxes aloja cinco ou seis cães, a exceção dos que são destinados aos animais claramente doentes – com cinomose ou leishmaniose, por exemplo –, que ficam confinados em solitário. No primeiro boxe da esquerda, junto ao portão de acesso, ficam os cães destinados a adoção. Longe dos olhos dos poucos visitantes fica a câmara de gás, onde os animais são sacrificados normalmente no quarto dia após chegarem ao corredor da morte. Isso se não tiverem a sorte grande de serem encontrados pelo dono descuidado ou, também pouco provável, de ali encontrarem um dono.
Em cada boxe existe uma prancheta onde são colocadas as fichas dos hóspedes provisórios. Em cada uma delas, vagas informações: cor, idade, nome, se é agressivo, se está doente... Uns foram deixados por seus outrora protetores e por isso têm nome, como era o caso da cachorrinha amarela que foi entregue para morrer e que a minha estupefação me impediu de ler em sua ficha o antropônimo pelo qual foi chamada nos últimos dezoito anos.
Em muitas fichas o espaço do nome aparece em branco: são os cachorros que foram pegos na rua pelos homens da carrocinha. Um “x” no quadrinho que precede a palavra “agressivo” e o pobre animal estará condenado à morte, pois essa simples observação, baseada na interpretação do seu captor ou na justificativa que o antigo dono usou para dele se livrar, praticamente lhe tira a chance de passar ao boxe dos cães destinados a adoção.
Um canil como aquele é um lugar de muitas histórias, histórias que quase nunca estão contadas nas resumidas fichas. Histórias como a do cachorrinho, já nos estertores, do qual nada mais se sabia além do infortúnio de ter sido atropelado. Ou histórias que são mais histórias de donos, como a dos três cachorros – um deles um dogue alemão enorme – que foram para lá a pedido de um médico em socorro de sua paciente, idosa e com câncer, que certamente teria abreviada a sua já condenada existência se insistisse em continuar tratando sozinha daqueles animais.
Quando já nos preparávamos para ir embora, eis que adentra o recinto a chefe do Canil Público, uma gaúcha de Uruguaiana que consegue manter a dignidade num dos, ao menos para mim, piores lugares do mundo para se trabalhar. Uma mulher que se dispôs a travar todos os dias batalhas perdidas com donos de cães que pelos mais insignificantes motivos se furtam da responsabilidade que em outros tempos assumiram. Uma das raras pessoas que têm a compaixão estampada na testa e que me fez acreditar um pouco mais na humanidade e até mesmo pensar que – a comparação era inevitável – não seria de todo impossível encontrar um mísero resquício de piedade no infeliz que tinha a tarefa de fechar as portas das câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau.
E foi essa mesma mulher que nos disse que todo o tempo do mundo estava disponível para aqueles que querem adotar um cão. Pouco passava das cinco da tarde e fomos para casa com o nosso cachorro. Ou melhor, cachorra: Bolinha – o nome foi escolhido em uníssono ali, na hora – é uma cadelinha rechonchuda de uns cinco anos que foi abandonada na noite anterior, amarrada numa árvore na frente do Canil.  A cabeça de morcego, tão pequena em relação ao corpo, o rabo cortado no toco e o pelo extremamente áspero, manchado como se uma lata de graxa lhe tivesse sujado as espáduas, certamente a habilitariam ao título de cachorro mais feio do mundo, embora seja a sua incontestável feiúra, paradoxalmente, a razão pela qual encontramos nela alguma beleza.
Essa não foi a única vez que voltei ao Canil Público. Durante a primeira visita me detive olhando as fichas diante de um boxe mais, por assim dizer, populoso. Rex, amarelo; outro Rex, branco; Totó, marrom escuro; sem nome, preto; Baleia, branca; mais um sem nome, amarelo; Rabito, branco e preto... Rabito? Como alguém põe o nome num cachorro de Rabito? E meus olhos vasculharam o boxe a procura desse tal cachorro branco e preto de nome estranho. E lá estava ele, de pé, com seus pés brancos voltados para fora e um enorme abscesso que lhe tomava boa parte do lado direito do corpo. Uma dantesca figura quase sem pelos. Um cachorro não muito grande já entrando na velhice, uns oito anos talvez, um saco de ossos que buscava forças sabe-se lá aonde para não cair. Um legítimo cachorro do além, só esperando para se entregar de vez a confirmação oficial da sua morte.
Fui para casa e não consegui mais tirar aquela imagem da cabeça. Tentava ler o jornal ou assistir televisão e o que via eram aqueles pezinhos brancos, tortos, machucados. Mas o meu lado racional, o meu pragmatismo de gente que se deu bem na vida dizia que o que havíamos feito com uma boa dose de insensatez já estava passado de bom. Até mesmo a veterinária que tratou da Bolinha havia dito que certamente iríamos para o Céu. Ora, se o lugar no céu já estava garantido, se não nos cabia resolver os problemas do mundo, por que preocupar-me?
Fiquei brigando com minha consciência até o limite do tempo em que se eu voltasse ao Canil ainda poderia encontrar Rabito vivo. Na verdade, talvez eu tenha deixado esse tempo passar da hora um pouquinho. Quem sabe assim eu conseguiria enganar a mim mesmo. Viu, você foi lá e infelizmente o pessoal já o havia mandado o coitado para a câmara de gás! Você bem que tentou, não é culpa sua!
Entro no canil e me dirijo ao último boxe do lado esquerdo. Rabito não estava mais lá. Quase que instantaneamente me senti um homem não muito diferente daqueles que mandaram seus bichos de estimação para o Canil Público. Mesmo na hora de adotar um cachorro somos objetivos e me questionei se não havíamos escolhido quando da primeira visita justamente aquele que mais chances tinha de ser adotado. Aqueles que representavam um exato meio termo entre os encargos assumidos e a necessidade de mostrar a nós mesmos – e até mesmo para os outros – que somos benevolentes. Será possível que inconscientemente a minha natureza humana estivesse buscando senão propriamente cachorros de olhos azuis, cachorros diferentes? Estaria eu movido pelo mesmo impulso de excentricidade que leva uma pessoa a comprar uma jibóia ou um iguana?
Já ia indo embora quando minha visão periférica detectou uma imagem familiar. Fixei os olhos num boxe do lado direito e lá estavam aqueles pés brancos, voltados para fora. O sangue me faltou, fiquei pálido como se tivesse visto assombração (a imagem de Rabito, aliás, não era muito diferente disso).
Seja como for, chegara a hora de assumir uma postura de gente. Incomodou-me a comparação que automaticamente fez a minha mente de que o cachorro que estava dentro do cercado olhava nos olhos o cachorro que estava do lado de fora.
Depois de passar dois meses no veterinário, rebatizado de Coitado (como alguém teve a coragem de colocar um nome desses no pobrezinho!), o nosso cachorro morto pode finalmente, bem vivo, conhecer o seu novo lar. Vida nova, casa nova, agora respondendo por Preto – ganhou um terceiro nome a pedido das minhas filhas –, tornou-se um cão extraordinário (embora nunca tenha deixado de lado o hábito ordinário de rasgar sacos de lixo...).
Bem, vou para casa. Sei que, como tem se repetido nesses últimos três anos, faça chuva ou faça sol, o danado do Preto vai estar me esperando no portão. E, por incrível que pareça, sempre acompanhado da Tatá, que aos dezesseis anos ainda continua teimando em adiar a viagem para o Céu dos Cachorros.




O autor é advogado em Brasília e preferiu permanecer tão anônimo quanto o seu cão.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

UMA NOVA CHANCE PARA SASSÁ!



Damiana Rodrigues

Eu era uma protetora voluntária que auxiliava o Adoção Brasília, tirando animais do CCZ. Naquela época o CCZ vivia lotado de bichos e ficava com os animais por 10 dias em observação para descobrir se tinham raiva. Passados os 10 dias, os animais saudáveis ficavam mais 5 dias disponíveis para adoção. Se ninguém os adotasse nesse total de 15 dias, eles eram sacrificados. O Adoção Brasília trabalhava retirando os animais do CCZ, colocando-os em lares temporários e organizando feiras de adoção no Parque da Cidade a cada 15 dias. Como lar temporário eu recebia em meu apartamento filhotes e cães de pequeno porte.
Um dia, me pediram para tomar conta de um salsichinha que tinha sido retirado no CCZ. Eu concordei e fui buscá-lo na feira. Era uma fêmea, que estava dentro de uma caixa de papelão e a única coisa que ela fez foi me olhar com os olhos mais tristes que eu já vi num cachorro. Eu a levei para casa, ainda dentro da caixa de papelão. Ela não se mexia. E quando eu a tirei da caixa para dar banho nela, eu vi uma das imagens mais horrorosas da minha vida: um cachorro extremamente fraco, tão magro, com o corpo repleto de feridas, que mal conseguia ficar em pé. A probrezinha estava literalmente morrendo de fome!

Eu dei banho nela, a sequei, ela continuava sem se mexer. Eu tentei dar comida para ela, ela não conseguia se levantar para comer, então tive que alimentá-la com uma seringa. Eu a chamei de Sassá.
Ela tinha sido abandonada ou tinha fugido, e passou um tempo na rua até ser pega pela carrocinha. Na vida de rua, ela se acostumou a revirar lixo para encontrar comida e no começo, foi muito difícil pois ela recusava ração. Mesmo quando eu misturava ração com comida, ela conseguia comer a comida e deixar a ração.
Mas na Páscoa, tudo mudou. Ela decidiu que era hora de comer ração, e desde então é o que ela vem comendo.

Foram 3 meses de muito cuidado, carinho, amor e vários remédios para ela começar a ganhar um pouco de peso. E mesmo engordando, ela ainda tinha várias falhas no pelo. Daí mais 3 meses de banhos quase diários para ela ficar com o pelo bonito novamente.
Durante este período eu a levava para as feiras de adoção, e as pessoas sempre me perguntavam se ela estava disponível para ser adotada. Eu dizia que ela estava em tratamento e que só quando estivesse boa, ela seria doada. Claro que eu já estava apaixonada por ela, mas eu precisava de mais algum tempo para admitir que ela era minha.
Ela me ensinou como os dachshunds (este é o nome original da raça dela, ou teckel em português) são cães incríveis: ela é inteligente, aprende rápido, é divertida e é o cachorro mais adorável do mundo quando ela brinca com o fio dental (aquele nó de corda) e as bolinhas de borracha. Ela também aprendeu alguns comandos sem que eu precisasse ensinar muito: deita, pára, vai, espera. Foi impossível me separar dela depois de 6 meses de intensa vida de salsicha.
Infelizmente essa fase de rua que ela passou, toda a fome e fraqueza, deixou algumas marcas nela: ela está sempre com algum problema de saúde (sinusite, cristais nos rins, câncer de mama) e nós gastamos muito cuidando dela. Mas isso não significa nada perto da companhia e do amor que ela nos dá.

Com ela descobri como é bom adotar cachorro adulto, especialmente aqueles vindo de canis e abrigos onde tem pouca comida, superpopulação e pouco carinho. Eles ficam extremamente gratos por você tê-los tirado daquele lugar horroroso e se tornam dóceis e muito amorosos com a família que os acolheu depois de tanto sofrimento.

Hoje, a Sassá está comigo há 7 anos (ela tem aproximadamente 9 anos agora), é uma senhora canina, pesando 7,5kg, com um pelo negro lindo e super brilhante, que só come ração super premium e que é muito amada por mim e pelo meu marido. Ela é a minha grande companheira, que sempre faz festa para mim e sempre me alegra. Adotar a Sassá foi um dos melhores gestos da minha vida: ajudei um cão que estava mal, ganhei uma grande companheira e basta olhar para ela para eu me sentir feliz!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

GATOS - NOVE VIDAS DE PURO AMOR!



Gertrudes Kremling

Sempre gostei de animais, pois, para mim, eles são filhos de Deus e nós somos responsáveis pelo bem estar deles. Quando eu era pequena e minha avó ia matar uma galinha, eu corria para longe, pois me repugnava a idéia de sofrimento e morte que os humanos infligem aos animais.
Há 10 anos, numa noite de chuva e frio, um gatinho de aproximadamente um mês foi jogado embaixo do edifício onde moro, miando muito. Eu já tinha 2 gatinhos adotados, mas não tive dúvidas, fui resgatá-lo. Hoje, passados 10 anos, ele é um lindo gatão chamado Xuxo, que só tem me dado alegrias, companheiro de todas as horas, sensível e sensitivo, oferecendo seu amor incondicional.
Há 5 anos aproximadamente, na mesma quadra, abandonaram 4 gatinhos de mais ou menos 2 semanas e a pessoa que os encontrou, pediu um lar temporário para 2 deles, um macho e uma fêmea, por coincidência, também amarelinhos, como o Xuxo. Assim foram adotados o Nino e a Nina, que o Xuxo acolheu como filhos e hoje são a alegria da casa.
A partir de então, comecei a ter contato com pessoas e ONGs que resgatam animais maltratados e em risco, cuidam deles e, por meio de feiras e outros eventos, os colocam para adoção, procurando um lar que lhes dê amor e cuidados. Esse trabalho não é fácil e nem sempre é compreendido pelos outros e a falta de recursos financeiros é enorme, assim como o abandono e os maus tratos a que os animaizinhos são submetidos por pessoas incapazes de ver neles um ser vivo, que sofre, tem fome, sente frio, sente sede e só tem a nós ditos humanos para os defender. Li um texto de Jim Wills, que me marcou profundamente e que transcrevo a seguir:
"Olhei para os animais abandonados no abrigo, os renegados da sociedade humana. Vi em seus olhos amor e esperança, medo e horror, tristeza e a certeza de terem sido traídos. Eu me revoltei e rezei:
- Deus, isso é horrível. Por que o Senhor não faz nada a respeito?
E Deus respondeu:
- Eu fiz. Eu criei você.”
Há muito preconceito contra gatos: falam que os gatos só gostam da casa, que não se afeiçoam às pessoas, que são egoístas, etc., etc., etc... Nada disso é verdade: eles são amorosos, amigos, esperam na porta sua chegada, sabem quando você está alegre ou triste... Adotar um gato, salvá-lo de uma situação de risco, cuidar dele é uma experiência fantástica! Você cria um vínculo tão especial que só quem tem um gato sabe definir!
Esclareço que gosto de todos os tipos de animais, mas para conviver em apartamento, prefiro os gatos. São independentes, altivos, limpos, não precisam sair e respeitam o seu espaço, mas estão sempre por perto cuidando de você. 
Entre os livros maravilhosos sobre gatos, gostaria de recomendar: "A Odisséia de Homero", a história emocionante de um gatinho cego e as lições que sua dona aprendeu com ele; o outro é "Dewey: Um Gato Entre Livros", outra história emocionante de superação e amor, que emocionou o mundo e vai virar filme; e a sua continuação "As Nove Vidas de Dewey", com novas histórias emocionantes.
JÁ DIZIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS
QUEM MALTRATA UM ANIMAL JAMAIS SERÁ FELIZ!




Gertrudes, é vegetariana e mora em Brasília há mais de 35 anos



quinta-feira, 2 de junho de 2011

GATOS, MINHA PAIXÃO




Alda Arrais

Carnaval de 2006. Foi quando chegou na minha vida uma preta linda e charmosa, adotada de uma ninhada de 6 gatinhos pretos...
Amo animais de todas as espécies, mas nunca tinha tido gatos. Nem passava pela minha cabeça o tanto que ela ia mudar minha vida!!!!  No início achei que era macho, batizei com o nome de Robinho... Precisavam ver as piruetas que ele fazia no ar... Era divertido! Na primeira ida ao veterinário, descobri que o Robinho era na verdade uma Robinha e, nós finalmente, lhe demos o nome de Pretinha!  Nesses 5 anos, completados agora em janeiro de 2010, essa incrível misteriosa gata preta de lindos olhos amarelos, gordinha, dengosa e super-carinhosa, só tem me feito feliz todos os dias... Sabe aquela propaganda de um cartão de crédito? Não tem preço. Não tem. Preço? Afeto, carinho, amor sem cobranças...
Gente esse ser maravilhoso é bom demais!  Abaixo todos os mitos de que “gato só gosta da casa”, que “gato é egoísta”, essas bobagens que as pessoas falam porque não conhecem essa criatura, muitas vezes, desprezada e muito, mas muito maltratada!

Para completar essa linda harmonia, um belo dia, achei um gatinho na rua, debaixo de um caminhão,todo sujinho de graxa que nem dava para ver a cor dele. Depois do banho, lindo! Kiko “maleliinho”, hoje um belo gatão peludo e hiper-dengoso... Digo que ele não mia, ele geme! Não tenho como acordar de mau humor, não tem como ficar triste, não tem como não ser feliz. Pela manhã, um bom dia de “miau” é a coisa mais maravilhosa!!
Eles são amigos, meus amigos! Converso com eles como se fossem gente. Eu os entendo. São companheiros, amigos, brinquedos, moleques, bagunceiros, vegetarianos... É! Meus  gatos comem alface! São meus amores, minha vida... Por eles dou meu tempo, meu dinheiro, por eles sou feliz, carrego no coração e na perna tatuada: gatos, minha paixão... 

No fim do ano passado, após um dia de trabalho, fui visitar minha mãe lá no Riacho Fundo. Já tarde da noite, ao depositar o lixo no container, deparei-me com uns olhinhos pequeninos, pequeninos e, ao observar mais perto, vi que se tratava de um filhotinho de gato pretinho, miudinho, miudinho. Retirei aquela coisinha do lixo, enrolei em uma toalha e corri para dar comidinha. Cinco minutos depois passou o caminhão do lixo. Ufa!!!! Como não podia levar para casa, depois de levar ao veterinário, primeira vacina e demais cuidados, resolvi pedir ajuda aos amigos protetores para divulgar para adoção e um anjinho protetor, apaixonada por gatos, Alê, se ofereceu para ser temporário até que consigamos um lar definitivo. Demos o nome de Noite e o carinhoso apelido de Perereca.
Hoje, passados 7 meses, Noite é uma linda gata preta, castrada, à espera de um lar. Futuramente, esse lar será o meu!!! Ainda estou em processo de aproximação com ela, pois, não sei porque, quando ela me vê, foge. Porém, como acredito que o destino colocou Perereca no meu caminho, ela ainda vai fazer parte do meu time...

Adotem! Se apaixonem! Cuidem, castrem tirem da rua um serzinho que tanto espera por você!!

Alda Arrais é voluntária da ProAnima, guardiã da Pretinha e do Kiko