quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

E Assim, Virei Protetora



Eu e o meu marido tínhamos um Cocker chamado Johnnie, comprado de um criador. Amávamos cachorros, mas sequer tínhamos noção de processos de adoção. Um dia, uma amiga mandou um pedido de ajuda por e-mail para uma cadelinha que estava se tratando de um tumor com ajuda de uma protetora. A partir deste caso, comecei a pesquisar na net coisas sobre animais de rua resgatados e dados em adoção. Nestas buscas cheguei ao abrigo São Francisco de Assis, em Salvador, onde morávamos na época. Olhando as fotografias com o meu marido, chegamos a um pedido de adoção que mexeu com coração e alma de um jeito extremo, inexplicável... era um cãozinho chamado Vitório, o olhar clamava por socorro, ele havia sido atropelado duas vezes, estava com marcas de queimaduras e sarna pelo corpo todo, também não tinha uma das orelhas. Uma lástima! Foi o meu marido quem falou primeiro: este é o nosso cachorro! Entrei em contato com o abrigo e descobri que o Vitório estava em um lar temporário. Fomos até lá para conhecê-lo pessoalmente e assumimos, a partir daí, a ração dele.
Vitório ainda estava precisando de cuidados especiais, por isso era conveniente que ficasse mais um pouco no lar. Até porquê, não sabíamos como o nosso Johnnie receberia o novo irmão e ele ainda estava muito debilitado. O tempo foi passando, nós sempre íamos visitá-lo, até que resolvemos levá-lo pra casa para passar o carnaval e fazer o teste de adaptação com o irmãozinho. Não foi muito tranqüilo. Johnnie estranhou muito, brigaram, precisamos colocar um calmante indicado por uma protetora na água deles. Devolvemos Vitório na quarta-feira de cinzas, com o coração em frangalhos... Voltei chorando o caminho todo! Na tentativa seguinte de adaptação com Johnnie, não consegui mais devolvê-lo e ele ficou de vez em nossa casa. Vitório parecia ser o cão mais especial do mundo! Ele desenvolveu um encantamento pelo meu marido que fugia do normal. 
Infelizmente, Vitório nunca ficou completamente saudável. Ele tinha uma tosse que não conseguimos diagnosticar. Alguns cogitavam que seria uma reação de efeito emocional, pois a tosse só vinha quando ele estava eufórico. Chegamos a fazer exames de coração e nada foi acusado. 
Em julho de 2010, um ano após a adoção de Vitório, viemos morar em Brasilia.
Estavamos acabando de nos instalar e no nosso terceiro dia aqui, ao voltar de um jantar, por volta das 20h, percebemos que a tosse estava muito forte, incessante.
Colocamos Vitório no carro e saímos feito loucos à procura de um veterinário que funcionasse 24 horas. Por não conhecer quase nada aqui, rodamos por cerca de uma hora pelo Guará e nada! Decidimos voltar para casa e procurar na internet. Ele tossindo muito, nós aos prantos, até que achamos uma clinica na Asa Sul que era 24horas. Partimos pra lá mas, no caminho, o coração dele parou de bater na minha mão. Desci do carro desesperada, gritava na porta da clinica como louca, mas infelizmente a morte dele foi constatada pelo veterinário. Passamos meses chorando muito e até hoje, um ano e meio depois, ainda choro muito ao lembrar, olhar fotos...
Vitório abriu meu coração para o amor mais divino que já conheci, o amor mais despretensioso, mais sincero do mundo... Hoje tenho mais um que resgatei das ruas aqui em Brasilia e não tive coragem de dar em adoção, amo meus dois cachorrinhos demais, mas o que o Vitório trouxe para a minha vida é só dele: a certeza de que um animal adotado consegue te agradecer a cada segundo apenas com um olhar! Eles têm a real noção de que foram salvos e isso é lindo, isso foi capaz de transformar a minha vida!

Por meio da adoção do Vitório passei a me envolver de corpo e alma na proteção animal. Acabou virando a razão da minha vida tirar animais das ruas e dar-lhes a chance de ter um lar.



*Não sei se consegui expressar tudo que sinto pelo Vitório pois é muito difícil escrever com os olhos encharcados e o coração sangrando...

Janine Figueiredo é analista de empréstimos no Banco do Brasil e mora em bsb há um ano e meio. 

3 comentários:

  1. Meninas, esse espaço de vocês aqui na internet dá uma felicidade...é um bálsamo...

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  2. Meninas, estou com lágrimas nos olhos, emocionada e maravilhada com essa linda história de amor.
    Muito obrigada por dividir essas experiências de vida conosco.
    Beijocas

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  3. Lindas e sinceras palavras...tambem fiquei emocionada! Parabens por nao terem medo de assumir essa missao tao linda! Q Deus abençoe sempre!

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