quinta-feira, 16 de junho de 2011

UMA NOVA CHANCE PARA SASSÁ!



Damiana Rodrigues

Eu era uma protetora voluntária que auxiliava o Adoção Brasília, tirando animais do CCZ. Naquela época o CCZ vivia lotado de bichos e ficava com os animais por 10 dias em observação para descobrir se tinham raiva. Passados os 10 dias, os animais saudáveis ficavam mais 5 dias disponíveis para adoção. Se ninguém os adotasse nesse total de 15 dias, eles eram sacrificados. O Adoção Brasília trabalhava retirando os animais do CCZ, colocando-os em lares temporários e organizando feiras de adoção no Parque da Cidade a cada 15 dias. Como lar temporário eu recebia em meu apartamento filhotes e cães de pequeno porte.
Um dia, me pediram para tomar conta de um salsichinha que tinha sido retirado no CCZ. Eu concordei e fui buscá-lo na feira. Era uma fêmea, que estava dentro de uma caixa de papelão e a única coisa que ela fez foi me olhar com os olhos mais tristes que eu já vi num cachorro. Eu a levei para casa, ainda dentro da caixa de papelão. Ela não se mexia. E quando eu a tirei da caixa para dar banho nela, eu vi uma das imagens mais horrorosas da minha vida: um cachorro extremamente fraco, tão magro, com o corpo repleto de feridas, que mal conseguia ficar em pé. A probrezinha estava literalmente morrendo de fome!

Eu dei banho nela, a sequei, ela continuava sem se mexer. Eu tentei dar comida para ela, ela não conseguia se levantar para comer, então tive que alimentá-la com uma seringa. Eu a chamei de Sassá.
Ela tinha sido abandonada ou tinha fugido, e passou um tempo na rua até ser pega pela carrocinha. Na vida de rua, ela se acostumou a revirar lixo para encontrar comida e no começo, foi muito difícil pois ela recusava ração. Mesmo quando eu misturava ração com comida, ela conseguia comer a comida e deixar a ração.
Mas na Páscoa, tudo mudou. Ela decidiu que era hora de comer ração, e desde então é o que ela vem comendo.

Foram 3 meses de muito cuidado, carinho, amor e vários remédios para ela começar a ganhar um pouco de peso. E mesmo engordando, ela ainda tinha várias falhas no pelo. Daí mais 3 meses de banhos quase diários para ela ficar com o pelo bonito novamente.
Durante este período eu a levava para as feiras de adoção, e as pessoas sempre me perguntavam se ela estava disponível para ser adotada. Eu dizia que ela estava em tratamento e que só quando estivesse boa, ela seria doada. Claro que eu já estava apaixonada por ela, mas eu precisava de mais algum tempo para admitir que ela era minha.
Ela me ensinou como os dachshunds (este é o nome original da raça dela, ou teckel em português) são cães incríveis: ela é inteligente, aprende rápido, é divertida e é o cachorro mais adorável do mundo quando ela brinca com o fio dental (aquele nó de corda) e as bolinhas de borracha. Ela também aprendeu alguns comandos sem que eu precisasse ensinar muito: deita, pára, vai, espera. Foi impossível me separar dela depois de 6 meses de intensa vida de salsicha.
Infelizmente essa fase de rua que ela passou, toda a fome e fraqueza, deixou algumas marcas nela: ela está sempre com algum problema de saúde (sinusite, cristais nos rins, câncer de mama) e nós gastamos muito cuidando dela. Mas isso não significa nada perto da companhia e do amor que ela nos dá.

Com ela descobri como é bom adotar cachorro adulto, especialmente aqueles vindo de canis e abrigos onde tem pouca comida, superpopulação e pouco carinho. Eles ficam extremamente gratos por você tê-los tirado daquele lugar horroroso e se tornam dóceis e muito amorosos com a família que os acolheu depois de tanto sofrimento.

Hoje, a Sassá está comigo há 7 anos (ela tem aproximadamente 9 anos agora), é uma senhora canina, pesando 7,5kg, com um pelo negro lindo e super brilhante, que só come ração super premium e que é muito amada por mim e pelo meu marido. Ela é a minha grande companheira, que sempre faz festa para mim e sempre me alegra. Adotar a Sassá foi um dos melhores gestos da minha vida: ajudei um cão que estava mal, ganhei uma grande companheira e basta olhar para ela para eu me sentir feliz!

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