quinta-feira, 19 de maio de 2011

PROFESSORES DE QUATRO PATAS




Gabriele e Fernando

Assim que casamos, quando ainda morávamos em Curitiba, compramos nossos dois primeiros gatos: o Ausprício (Pico), um exótico preto, compramos em 2003 e o Fidel (Fofi), um persa branco e cinza, compramos em 2004.  Tinham pedigree e atestado de saúde. Além disso, a gente achava que, apenas por serem “de raça”, seriam animaizinhos com comportamento exemplar.
Ao nos familiarizarmos com nossos gatos, pesquisando sobre ração, comportamento e outras coisas, aprendemos que existem milhares de animais abandonados e que o comércio e a criação de animais domésticos são, em regra, atividades que trazem em si uma crueldade inimaginável.  Por isso, há seis anos prometemos nunca mais comer qualquer tipo de carne ou comprar qualquer espécie de bicho.
Aprendemos também que o comportamento do animal depende mais do jeito como ele é tratado e do ambiente em que ele vive do que do pedigree ou carga genética. Claro que cada um tem uma personalidade e um animal adotado pode ser mais ou menos agitado, mas o mesmo pode ocorrer com um animalzinho “de raça”.
Em junho de 2008 nos mudamos pra Brasília e, é claro, nossos filhos vieram junto.
No dia 09 de abril de 2010, após três cirurgias e muito sofrimento, o Fofi morreu de um problema congênito no coração, agravado por uma disfunção nos rins. Descobrimos, depois, que o Pico tem o mesmo problema, só ainda não tinha manifestado. Ou seja: atestado de saúde e pedigree não são garantia de que o bichinho nunca vai ficar doente. Pelo contrário, nesses “criadouros” os entrecruzamentos são tantos que nossos dois gatos, de raças e pais diferentes, manifestaram o mesmo e raríssimo problema cardíaco.
O Fofi nos ensinou, do jeito mais doloroso, que bicho é que nem filho. A dor da perda de um bichinho é tão grande quanto a perda de um ente querido, mas a alegria e o amor que eles nos dão em troca compensa totalmente qualquer sofrimento. Choramos e sofremos pela perda dele até hoje.
Com a morte do maninho, o Pico emagreceu 30% do seu peso em duas semanas e o coraçãozinho dele começou a dar sinais de cansaço. Foi então que, mesmo ainda sofrendo muito pela perda do Fofi, decidimos adotar uma gatinha bem filhotinha.
A Suzane, do SVPI, nos recebeu de braços abertos. Lá chegando, um tigre adolescente de olhos verdes roubou nosso coração. O nome dele era Juanito, pois tinha todos os hábitos de um bom amante latino: se esfregava e ronronava pedindo carinho para qualquer um.
No dia seguinte, já na nossa casa, o Juanito passou a se chamar Bacana, pois era o gato mais carinhoso, sociável e, enfim, bacana, que a gente tinha visto.
Bacana e Pico ficaram amigos em mais ou menos uma semana.
O Pico está com quase oito anos. Recuperou o peso perdido e está muito saudável. Passou a contar com um personal stylist: todos os dias, quando bate o sol na nossa cama, o Bacana dá um banho completo no irmão mais velho!
No final de 2010, “passeando” pelo site do SHB nos apaixonamos perdidamente por uma cachorrinha preta, de olhar tristonho. Antes mesmo de sabermos se ela ainda estava para adoção, a gente já tinha escolhido o nome: Mafalda, a quem, carinhosamente, chamamos de Fafá. A única vez que essa sapequinha bandida ficou parada foi pra tirar a foto que nos conquistou (risos). Ela é vivacidade pura e veio pra balançar as estruturas da nossa casa – o que tem sido ótimo, pois quem nos conhece sabe que precisamos muito fazer exercícios (mais risos).
O Bacana e a Mafalda também são amigos inseparáveis, brincam e dormem juntos o tempo todo. Às vezes a Mafalda morde o Bacana e arrasta ele pela casa, como se fosse um esfregão: o sem vergonha adora!!!
Adotamos o Bacana para salvar nosso gatinho, mas ele acabou salvando os humanos também. Estávamos tão tristes naquela época, por vários motivos, e ele, com seu jeito sem noção, passou a ser motivo de alegria e risadas várias vezes por dia.
Ainda estamos nos acostumando com toda a agitação da Fafá, mas ela é o que dá tempero e emoção à nossa vida, sempre aprontando (e sempre com a maior cara de coitadinha, hehehe). É impossível ficarmos brabos com ela, mesmo quando ela decide roer o sexto par de chinelos.
Nossos filhos de quatro patas são nossos amores e nossos professores.
São eles que fazem do nosso apartamento um lar, um lugar pra onde voltamos ansiosos e com saudades.
Eles nos ensinam, todos os dias, que devemos viver no presente, sem lamentar o passado e ansiar pelo futuro. Eles nos mostram como aproveitar cada minuto e nunca perder a oportunidade de demonstrar todo o amor que sentimos. E que isso não depende de raça, cor, tamanho ou procedência: é amor e pronto.
Hoje não vemos razão para que um amigo animal seja comprado, há tantos e tão lindos esperando por um lar...
Adotar é mesmo muito bom. Nós recomendamos!




Gabriele e Fernando, vivem em Brasília desde 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário