quinta-feira, 12 de maio de 2011

UMA PEQUENA ESCOLA DE AMOR



Marília Malheiro

Adotei a Suza há 2 anos.
Sempre gostei muito de animais e não enxergava minha vida sem um cachorro do lado. Tive essa companhia de quatro patas a infância inteira! Quando me casei, a Yoko, bull terrier da família, ficou na casa da minha mãe. Minha mãe dizia “Apartamento é crueldade, e aqui ela fica mais feliz”. Suspirei e deixei minha Yokito lá sabendo que ela continuaria sendo bem cuidada.
Mas a vontade continuava falando alto. Só que em apartamento as coisas são mais complicadas que numa casa e eu e meu marido ponderávamos muito. Os cuidados são maiores: tem que descer pra passear com mais frequência, para fazer as necessidades, não havia a mínima possibilidade de dar um banho de mangueira quando a cachorra precisasse.
Optamos por fazer o teste como lar temporário de algum animal da ProAnima, e a Suza era uma cachorrinha que estava precisando. Já a conhecia de outros trabalhos voluntários e já éramos "amigas". A Suza, para quem não conhece, é uma cachorra que foi resgatada de uma operação do Ibama contra maus tratos. Vivia apertadinha, sem saúde, parca comida, e muitas doenças com mais de 30 outros bichos! Tomava Gardenal, tinha dificuldades locomotoras e um geniosinho difícil (também pudera! Só Deus sabe o que ela viveu)!
Muitos vão se perguntar: mas por que trazer para casa uma cachorra que tinha suspeita de ter câncer, já velha, com dificuldades de locomoção, conhecido comportamento difícil (era uma cachorra ranzinza, que não se dava bem com outros cães), que toma remédio controlado?
Eu respondo com outra pergunta: se eu tinha condições de cuidar, por que não? Quem quer se dedicar e dar amor a um animal não escolhe idade, saúde. Aceita o animal como ele é. E tive a sorte de a Suza me aceitar com muito amor na sua vida e ser uma verdadeira escola para mim e para minha família. E uma escola de carinho e afeto recíprocos. Os cuidados são muitos? Sim. Mas não tinha como ser só lar temporário, tínhamos que adotá-la!
Embora inicialmente a Suza tenha tido ciúme de meu filho pequeno, vi que a socialização com pessoas, outros cães e animais era só uma questão de dar-lhe atenção e ensiná-la. Não sei se ela tinha tido essa oportunidade antes. Seus problemas de locomoção melhoraram também. Apesar de, quando muito empolgada, ainda cair e não se equilibrar muito no lado direito, melhorou muito, e corre, pula e trota pela casa quando lhe convém e como cachorra gulosa que é, é uma assistente de cozinha fenomenal!
Hoje em dia a família aumentou. Adotamos mais 3 gatinhos que achamos abandonados embaixo de nosso bloco e  ela convive bem com todos. Dizemos que é um ser evoluído: aguenta bem as brincadeiras frenéticas de todos os filhotes lá de casa e é uma amiga leal à beça. Não me arrependo. Recomendo a todos a adoção. É um aprendizado muito grande que se ganha em termos afetivos, de responsabilidades e cuidados que se pode ter com um ser. E que dinheiro nenhum no mundo pode pagar.


Marília Malheiro mora em Brasília, é casada, tem um filho humano e quatro peludos adotados: a Suza e três gatinhos.

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